Você já ouviu algum um Baião - ou seus parentes mais "achegados" - e percebeu que havia algo diferente, mas não sabia bem o quê era? Calma, isso é comum os ouvidos habituados desde o nascimento ao sistema tonal. O tonalismo é mais uma dessas coisas que nos enfiam goela abaixo e aceitamos sem saber o porquê. De forma bem simples é o que condiciona a maioria dos músicos ocidentais a escolher entre o tom maior ou menor. Logo, isto limitou muito as reclamações do nosso Tim Maia. É pouco provável alguém ter escutado o eterno sindico esbravejar "Alô cadê o retorno! O guitarrista tá tocando nota fora, isso aqui é em mixolídio. Mixolídio não é a mais nova gíria dos DJs, na verdade, é uma expressão bem antiga, pra ser mais preciso da Grécia antiga. À época, cada região da Grécia tinha modo bem particular de organizar os sons, por exemplo, na Frigia os habitantes entoavam as notas ao modo Frígio, na Lídia, ao modo lídio, e assim por diante. O mais interessante que para achar um exemplo a escala mixolídia - que é o misto de alguns desses modos gregos - não precisamos de máquina do tempo e nem sequer sair do Brasil. A música nordestina é recheada desta sonoridade. Um carioca, caçador de sons diferentes - talvez pela convivência com Hermeto Pascoal, com quem tocou de 1981 até 1993 - e multi-instrumentista Carlos Malta foi beber nesta fonte para criar um dos seus melhores trabalhos até hoje, "Pife Muderno". A virtuosidade de Malta se projeta entra a harmonização do pandeiro e da zabumba. Com você, o som moderno de Malta inspirado num terno de pífanos nordestinos.
segunda-feira, 16 de junho de 2008
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